Esse texto é sobre algo que eu não tinha pensado em colocar no papel: a sensação e a emoção do show do Gil em Fortaleza. Hoje, ainda pensando na apresentação, senti vontade de registrar o que vivi ali.
A importância de Gil para tantas pessoas sempre me chamou atenção, especialmente pelo fato de ele representar inspiração, mudança e até disciplina na vida de muita gente. É muito bom ter alguém para admirar, respeitar e usar como referência — não pelo medo, mas por um tipo de respeito que se sente de longe. Nos dias que antecederam o show, li muitos comentários elogiando a apresentação: a forma como é conduzida, a sequência, a vitalidade dele. E realmente, a vitalidade de Gil é algo admirável. Ele parece curtir o momento como se fosse a primeira vez… ou a última.
Não sou um profundo conhecedor da obra dele. Lembro de ter parado para ouvir Kaya N’Gan Daya e a trilha de Eu, Tu, Eles. No geral, conheço o que sempre tocou nas rádios. E ali, quando surgiram músicas que eu não conhecia, não houve cansaço algum, pelo contrário. Foi bom ouvir aquela novidade que poderia ter vindo da praia, da serra ou da cidade. A cabeça de Gil passeia por tudo. A variedade das letras e melodias desperta só coisas boas. Em certo momento, ele comentou sobre as várias gerações presentes na plateia, famílias que dificilmente se encontram juntas em um mesmo show.
O público estava em sintonia, sem empurra-empurra, com uma educação exemplar - quase um reflexo das letras de Gil. Ele pensa muito, pensa longe, e comunica de forma clara e única. Fiquei (e ainda estou) admirado com tudo. Esse foi o terceiro show dele que vejo: o primeiro em um festival e o segundo no Trinca de Ases. No Trinca, o respeito era algo que dava para sentir de longe.
Revisitando tudo isso, percebo que essa boa sensação de estar diante do trabalho de alguém que te faz bem é algo raro e especial. Há momentos em que se está ali apenas absorvendo, como quem assiste não só a um show, mas a alguém que conseguiu atravessar gerações carregando significado, inteligência e sensibilidade. E é esse tipo de experiência que dá vontade de registrar.