quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Já esquecida

A verdade é que sempre gostei daqueles cabelos encobrindo um dos lados da face dela, dando um ar rebelde, com uma ênfase a mais na boa pintura em seus olhos. Puxadinhos. Penetrantes. Sedentos. Alegres. Aqueles olhos que me seguiam fielmente, como o olhar de um felino que espreita sua presa. As pernas grandes e finas, que se jogavam a frente numa velocidade além do normal, se enroscavam em mim como duas cobras gigantes, tentando me sufocar até a morte, deixando-me meio tonto, com o raciocínio confuso, repetindo incansavelmente frases sujas, deixando-a assim cada vez mais excitada, e com isso, forçando cada vez mais o nó que suas pernas laçavam em meu pescoço. Também não é mentira, muito menos machismo de minha parte em afirmar que aquele momento era o único que me interesava em sua pessoa. Não me interessava saber como havia sido seu dia, quanto mais se eu estaria em seus planos para algum evento importante. Apesar de às vezes me condenar por esse sentimento.
Incrível, mas a onda captada naquela foto em que um sorriso imenso brotou em seu rosto ainda costuma cair, e chego a ouvir o som dela batendo nas pedras, junto a isso, barulho de crianças correndo contra o vento e sua mão com areia limpando minhas pernas ainda estão lá. Em algum lugar que não existe mais. Do lado de alguém que não sou mais eu, ou nunca foi.

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