quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Amigo urso*



Amigo urso,saudação polar.

Ao leres esta,há de te lembrar,
daquela grana que te emprestei,quando estavas mau de vida nunca te cobrei.
Hoje estás bem,e eu me encontro em apuros,
espero receber e pode ser sem juros.
Este é o motivo pelo qual lhe escrevi,
agora quero que saibas como me lembrei de ti:
Conjecturando sobre a minha sorte,
tranportei-me em pensamentos ao Pólo Norte,
e lá chegando sobre aquelas regiões,vá vendo só quais as minhas condições:morto de fome de frio e sem abrigo.
Sem encontrar em meu caminho um só amigo,
eis que de repente vi surgir na minha frente,
um grande urso,apavorado me senti.
E ao vê-lo caminhando sobre o gelo,
porque não dizê-lo foi que me lembrei de ti.

Espero que mande pelo portador,
o que não é nem um favor,estou te cobrando o que é meu.
Se mais queiras aceitar um forte amplexo,deste que muito te favoreceu:
Eu não sou filho de judeu,dá cá o meu.




*Do eterno 'malandro' Moreira da Silva

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O Canalha

Ajeitou-se no banco do carro e puxou a armação do seu ray-ban para baixo quando avistou – ao seu lado – o belo par de pernas que inquietos, balançavam sem parar. “De onde saiu esse monumento?” – ele pensava enquanto ajeitava seu braço na porta do carro e os olhos já faziam todo o percurso que suas mãos, tronco e boca desejavam fazer. Do lado da placa da parada de ônibus, uma garota, na faixa dos 24 anos, grandes cabelos negros, amarrados ainda molhados que faziam o vestido, estampado com grandes rosas amarelas, ficar mais colado na altura da cintura. Sandália com um pequeno salto, mas que eram suficientes para deixar as costas das pernas mais belas e as nádegas mais provocantes. Nem de longe ela se parecia com uma qualquer, apesar de todo a sexualidade que deixava transpirar. O rosto angelical nem se mexia quando – praticamente – todos os motoristas se contorciam em seus carros para olhar pra ela quando passavam na avenida e buzinavam iguaizinhos a um coiote em filme infantil. Em seus braços, cruzados em seu peito, relaxavam seus cadernos. Logo ele olhou o relógio, “21:20” – ele leu os ponteiros – “Pra aula ela não deve estar indo e por aqui não tem colégio. O que essa mulher tava fazendo? Que mulher!” os pensamentos dele estavam embriagados pela cólera, pensou em ir até ela, estava apenas a alguns passos, mas logo se lembrou que sua mulher estava pra chegar – “Que saco!” – virava o rosto incansavelmente para frente e para trás, vigiando o momento que a esposa chegasse. Censurava os motoristas cada vez que o semáforo, há uns 200 metros, abria caminho aos carros que passavam e buzinavam quando cruzavam com a garota. “Que garota! Ainda bem que o ônibus não vem. Eu vou lá e é agora” – ele estava decidido – abriu a porta do carro, saiu e ajeitou a camisa e começou a pentear o cabelo com seus dedos, tirou o foco da garota e virou-se para procurar a esposa e levou um baita susto quando ela já estava do seu lado – “que susto você me deu” – ele falou de supetão – “está fazendo algo errado para ficar se assustando?” – a esposa respondeu irônica, mas logo o sorriu e ao mesmo tempo fez uma cara curiosa olhando por cima do ombro dele – “o que foi?” – ele perguntou já se virando para a garota, nesse momento ele sentiu que a noite a frente seria regada a discussões por causa das belas pernas e cintura grudada em rosas amarelas. Ele logo visualizou o roteiro: “quis esperar no carro para ficar vendo essa aí, ne?”, mas se surpreendeu com um sorriso se transformando no rosto dela. – “Olha a Camila ali” – a esposa dele disse apontando e já se encaminhado e o puxando em direção ao monumento em carne e osso.
“Camila, tudo bem?” – a esposa do canalha falou com a garota – “Vânia, mulher, é você?” – Camila alegremente reconheceu a amiga dos tempos de primário – “Quanto tempo, hein, o que você esta fazendo?” – ela fez a pergunta mais usada em todo o planeta quando duas pessoas se reencontram depois de um bom tempo – “trabalhando, trabalhando e trabalhando. Ah e me casei, olha aqui o maridão” – Vânia saltitava com o encontro inesperado e pelo jeito, o canalha também. “oi, tudo bem?” – Camila, já com os livros apoiados em um braço só, esticou o outro para apertar a mão do marido da amiga enquanto lhe emprestava um sorriso de orelha a orelha – “tudo ótimo” – ele respondeu como se estivesse sendo apresentado a alguma garota em uma festa de azaração. “Bom, lá vem meu ônibus, tenho que ir nesse se não vou esperar mais um mundo até o próximo, legal te ver. até mais” – Camila se despediu da amiga já se virando apressada para a entrada do coletivo.
“Ela está ótima, está do mesmo jeito quando fazíamos o colegial juntas” – Vânia disse ao canalha já dentro do carro – “às vezes não entendo o seu gosto, a garota é estranha” – o canalha respondeu – ela soltou um riso e disse enfim: “ ‘Estranha’? você sempre diz isso quando quer chamar uma mulher de feia! Eu te conheço”. O Canalha apertou a mão no volante, olhou para a mulher e disse ironicamente: “os meus olhos só conseguem enxergar beleza em você meu amor”




Texto escrito originalmente no Pausa para o Glamour, colado aqui apenas para aumentar o Sanduíche

terça-feira, 12 de agosto de 2008

NP # 1 - Christiane F.

A alemã Christiane Felscherinow - protagonista do best-seller da década de 70 "Eu, Christiane F., 13 anos, drogada, prostituída" - voltou a ganhar destaque na imprensa alemã por, supostamente, ter voltado ao vício, aos 46 anos de idade.

Uma reportagem do tablóide berlinense "B.Z." diz que a recaída foi um dos motivos que levou as autoridades do país a assumir a guarda do filho de Christiane, de 11 anos.

De acordo com o jornal, o menino está morando em um abrigo para crianças nas redondezas de Berlim, e os avós do garoto deverão ajudar a decidir onde será sua futura moradia.

Christiane F. tomou a primeira dose de heroína aos 13 anos e aos 14 começou a se prostituir para sustentar o vício...


Via; globo.com

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E eu que pensava que os nossos ídolos (ou monstros, no caso) não tinham recaídas. Na verdade a gente pensa que às vezes eles levam uma vida normal depois de determinado acontecimento espetacular (ou sombrio, no caso).

[modo viajando na maionese: On]Sempre pensei que Christiane F. fosse algo inventado durante a minha fase colegial. [/modo viajando na maionese: Off]

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Fila de banco

Ontem a tarde estive mais uma vez preso numa fila de banco, e como sempre, motivos para sorrir em meio a uma dor nos pés e um cansaço incrível, não faltaram.

Pra começar, antes mesmo de atravessar a temível porta giratória, já me assusto com o enorme ninho de cobras dentro da agência. Não sabia ao certo onde estava o fim da fila... dos idosos!
Primeiro obstáculo; vencer a barreira de senhores de idade já visivelmente aborrecidos com a tamanha espera. 'Licença, por favor’. Fui costurando. Deparei-me então no meio de um engodo de corpos, pessoas que logo de cara percebo que são mal educadas, pelo fato de não seguir as linhas amarelas ponteadas ao chão. Procurei o fim da fila. Não achei. Pela primeira vez tive que perguntar onde era o final da fila, e tive a incrível resposta; “fica no inicio da dos idosos”. Como assim???

A fila de pagamentos, depósitos e afins terminava justamente onde se iniciava a fila dos idosos. ‘Não, é demais pro meu visual!’. Me estalei no fim da fila, ao lado de um senhor de idade (na fila dos idosos) que reclamava sem parar, num dialeto quase indecifrável. Não demorou muito tempo até eu perceber que era um louco. ‘pronto, agora está completo’.
A fila andava com menos intensidade do que as pessoas que chegavam (sem saber onde exatamente deviam ficar), e num determinado momento, me senti num show, numa rave ou algo parecido. Não existia uma direção exata, parecia que cada um determinava para onde olhava, e não como em uma ‘fila indiana’ tradicional. O caos estava armado!

Isso tudo sem citar os toques clássicos de celulares !




Como passar o tempo numa fila de banco?
Existem algumas ferramentas para se passar tempo numa fila quilométrica de banco, entre elas está o poderoso celular, onde você pode ter instalado desde livros até jogos ultra modernos. Naquele exato momento não tinha nada de interessante, mas tinha uma arma capaz de me transformar no mais alto senhor dos disfarces e ainda me garantir boas risadas (baixinhas, vale lembrar); O Bluetooth.
Experimente tentar enviar um arquivo para alguém via bluetooh dentro de uma agência bancaria, com certeza vai haver mais de uma pessoa com o buetooth do celular ligado. Bimba! É aí que entra a diversão.
Fotos de paisagens ou engraçadas são boas pedidas.

Achei o celular e enviei a primeira foto. Discretamente ponho o celular no bolso e olho em volta, varias pessoas olham o celular (muita delas estão justamente usando o aparelho para passar o tempo), mas percebo que um rapaz olha o celular desconfiado. É a minha vítima!
Retiro o celular do bolso e vejo que a imagem foi enviada. Levanto a cabeça e vejo a ‘presa’ ainda encucado com a foto.
Passo número 2: tirar fotos dentro da agência. Depois é esperar um pouco (leia-se; muito) para a fila andar, e depois passa a enviá-las. Isso claro, sem esquecer de também enviar outras tantas.
Observar o jeito desconfiado da ‘vítima’ olhando de um lado para o outro é a melhor parte.
Dica: renomei seu celular na parte de configuração do Bluetooth com o nome de “Recarga Grátis”, a ‘vítima’ sempre pensa que caiu créditos do Céu.


Agora vai a dica mais importante: sempre tenha a absoluta certeza que aquela agência aceita o que você pretende pagar ou receber.

Escrito Por:

Antes havia uma folha branca e uma caneta. Hoje em dia na tela iluminada tem uma parte branca, uns números ao lado, como se fossem marcadores de linhas que não existem na verdade. Pisca pisca na tela. Uma espécie de seta pisca incansavelmente a sua frente, lhe chamando, lhe esperando, lhe amaldiçoando. “como é, não consegue mais?” – a seta rir de você – “Não, não tenho mais nada” – você nem uma resposta decente tem – a seta continua. Não era assim. Não era assim. Não era. Antes enxergava histórias intermináveis numa simples revoado de pássaros - “simples”? Eu disse: simples? Que droga! Revoada de pássaros é belo. Um sincronismo perfeito. Uma dança incrivelmente ensaiada no ar. Coisa de equipe. Sempre juntos, sempre ao mesmo horário do dia, um sem atrapalhar o outro, pelo menos não a olhos desavisados que admiram tamanha beleza.
A seta continua. Os dedos ora clicam sem forçar o surrado teclado, ora se afundam nos cabelos, ora procuram alimento para o corpo dentro da geladeira. Que tal alimento para a alma? “Alimento para a alma”, já vi isso. Em algum lugar. Já estou a copiar.

Antes havia uma folha branca e uma caneta...
Hoje em dia essa coisa eletrônica demais. Quero passar folhas, quero um marcador de pagina, quero falar-te ao vivo e a cores e esquecer o msn que nos deixa tão distante, quero te tocar ao invés de te dizer virtualmente que vou te abraçar. Quero te penetrar ao invés de imaginar virtualmente que vamos passar a noite juntos. Quero. Quero. Você. Quero. Quero. Quero dizer-te que nunca vou conseguir te passar em linhas frias o tamanho da felicidade que explode em meus olhos quando estamos contrariando todas as leis da física se transformando em um corpo só, ocupando o mesmo espaço no universo. Quero.

A seta continua. Pense, pense rápido. Diga o que lhe vem. Diga! Ok, então lá vou eu seta, deixa te dizer o que vem em minha mente, “na verdade não é em minha mente, mas sim aos meus ouvidos, aqui em frente dois garotões pararam os carros no meio da rua e estão conversando algo indecifrável, estão falando alto, grosso, mas sem sentido. O que penso é: porque no meio da rua? Atrapalhando o transitar de todos, atrapalhando um mero mortal que ao invés de estar com uma folha branca e uma caneta a mão, está a frente de uma tela branca eletronicamente programada para receber comandos, estão atrapalhando o revoar dos pássaros”

Que merda!
Do que estou falando???
Antes havia uma folha branca e uma caneta, hoje todo esse blá, blá, blá estúpido. Pássaros, papel, carros?
O que faltou?
O amor. Isso, isso mesmo. Ta faltando o amor.
Então: Te amo.



Texto escrito originalmente no Pausa para o Glamour, colado aqui apenas para aumentar o Sanduíche

Por que Pérola Sanduíche?!?!

Por que ‘Pérola Sanduíche’?!?!?
Antes de me perguntarem o por que de 'Pérola Sanduíche', devia eu mesmo me perguntar por que mais um Blog? Meu tempo já é ótimo para atualizar um Blog (no caso, o Histórias do Pablo Artur) e um outro para olhar vez por outra (Jornal do Play2), e agora invento de criar mais um.
O Pérola Sanduíche na verdade é uma necessidade de se registrar um mundo de idéias que vez por outra tenho, ou para registrar situações inusitadas, comentar ações da bolsa, blá, blá, blá. Pelo jeito é um Blog destinado para vários temas diferentes, e que talvez se perca justamente por essa idéia – de ser um lugar para tudo, e acabe sendo o espaço para nada.

De qualquer forma, aqui não será ocupada só com ficção, mais também com muitas verdades.

domingo, 3 de agosto de 2008

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