terça-feira, 5 de agosto de 2008

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Antes havia uma folha branca e uma caneta. Hoje em dia na tela iluminada tem uma parte branca, uns números ao lado, como se fossem marcadores de linhas que não existem na verdade. Pisca pisca na tela. Uma espécie de seta pisca incansavelmente a sua frente, lhe chamando, lhe esperando, lhe amaldiçoando. “como é, não consegue mais?” – a seta rir de você – “Não, não tenho mais nada” – você nem uma resposta decente tem – a seta continua. Não era assim. Não era assim. Não era. Antes enxergava histórias intermináveis numa simples revoado de pássaros - “simples”? Eu disse: simples? Que droga! Revoada de pássaros é belo. Um sincronismo perfeito. Uma dança incrivelmente ensaiada no ar. Coisa de equipe. Sempre juntos, sempre ao mesmo horário do dia, um sem atrapalhar o outro, pelo menos não a olhos desavisados que admiram tamanha beleza.
A seta continua. Os dedos ora clicam sem forçar o surrado teclado, ora se afundam nos cabelos, ora procuram alimento para o corpo dentro da geladeira. Que tal alimento para a alma? “Alimento para a alma”, já vi isso. Em algum lugar. Já estou a copiar.

Antes havia uma folha branca e uma caneta...
Hoje em dia essa coisa eletrônica demais. Quero passar folhas, quero um marcador de pagina, quero falar-te ao vivo e a cores e esquecer o msn que nos deixa tão distante, quero te tocar ao invés de te dizer virtualmente que vou te abraçar. Quero te penetrar ao invés de imaginar virtualmente que vamos passar a noite juntos. Quero. Quero. Você. Quero. Quero. Quero dizer-te que nunca vou conseguir te passar em linhas frias o tamanho da felicidade que explode em meus olhos quando estamos contrariando todas as leis da física se transformando em um corpo só, ocupando o mesmo espaço no universo. Quero.

A seta continua. Pense, pense rápido. Diga o que lhe vem. Diga! Ok, então lá vou eu seta, deixa te dizer o que vem em minha mente, “na verdade não é em minha mente, mas sim aos meus ouvidos, aqui em frente dois garotões pararam os carros no meio da rua e estão conversando algo indecifrável, estão falando alto, grosso, mas sem sentido. O que penso é: porque no meio da rua? Atrapalhando o transitar de todos, atrapalhando um mero mortal que ao invés de estar com uma folha branca e uma caneta a mão, está a frente de uma tela branca eletronicamente programada para receber comandos, estão atrapalhando o revoar dos pássaros”

Que merda!
Do que estou falando???
Antes havia uma folha branca e uma caneta, hoje todo esse blá, blá, blá estúpido. Pássaros, papel, carros?
O que faltou?
O amor. Isso, isso mesmo. Ta faltando o amor.
Então: Te amo.



Texto escrito originalmente no Pausa para o Glamour, colado aqui apenas para aumentar o Sanduíche

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