quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Felicidade triste

Não, não quero escrever sobre minhas angústias, todo o gosto amargo do desespero em minha boca vou guardar só pra mim, não preciso expor isso, quem quer saber de toda a malemolência que toma conta do meu corpo, como um câncer maligno, assaltando de mim o sorriso fácil?
Prefiro exaltar a felicidade de breves momentos, aqueles mesmos que duram pra sempre, que me permitem viver eternamente aquele fim de semana inesquecível na casa de praia, proporcionando-me a doce alegria de não ficar velho, sempre se sentindo como aquela criança, que um dia por capricho da evolução, deixei de ser. A preocupação em rever os momentos alegres do passado é perceber que esses tais momentos estão cada vez mais raros, trocando de lugar com períodos que passam despercebidos, arrastados, sem data ou fotos para relembrar.

Mas isso não pode ser preocupante, não deve ser, até porque sei que a alegria anda comigo lado a lado, desde as noites quentes afagadas no colo de quem amo ou quando uma simples brisa fria me alivia do calor de um sol em chamas, por isso mesmo não acho correto expandir o lado negro da tristeza. Não seria justo propalar apenas esse sentimento menor que me assola constantemente, que me faz viver com uma borracha na mão, apagando a minha crista baixa quando ela se aflora em meio à multidão.
Acho que não estou me enganando, mas sim lutando contra mim mesmo.

Fica a dúvida de como será o raiar do sol no dia de amanhã, não sei se estarei sentado no fio da calçada, com gravetos na mão a rabiscar palavras no chão empoeirado, ao lado de queridos meus, vislumbrados com as nuvens brancas que surgem sobe nossas cabeças, sorrindo de histórias do dia anterior ou se estarei dentro de casa, encostado à janela, vigiando o lado de fora que imerge lentamente em pingos dágua, brotando em tantos a preocupação de como estará o teto que vive quando enfim voltar no fim de mais um dia cinzento.
Não sei como estarei.

Fico apenas com a esperança de saber que pingos dágua também proporcionam belas flores... E não só na primavera.






Foto by: Flickr
E como diria Cecília Meireles;
'Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta'

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

NP #3 - Planta Bloqueira

Pesquisadores japoneses implantaram sensores em uma planta de pouco mais de 40 centímetros de altura, batizada de Midori-san, para que ela ‘escreva’ suas sensações em um blog.

Para isso, os estudiosos inseriram sensores na plantinha que emitem sinais elétricos direto para o notebook da blogueira —ela mora em uma cafeteria em Kamakura, próximo de Tóquio, no Japão.

Um algoritmo é responsável por ‘traduzir’ tais impulsos em palavras que são postadas automaticamente no blog, escrito em japonês.

PS: Midori-san, em japonês, quer dizer ‘verde’.



Via; UOLTecnologia.com.br


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Pronto, agora posso dizer que já vi tudo!!!
O papo no bar vai ser assim agora;
- Você tem um blog? grande coisa, até uma planta tem e ainda escrever em japonês!
tsc! tsc! tsc!


Para ver o que a Planta está a escrever, clique aqui, e não esqueça do dicionário.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Distância, a Mãe do tempo

Não me deixe tão só da próxima vez, fique comigo apenas um pequeno período, não me dê motivos para encher meus olhos de lágrimas quando você enfim partir. Explique-me por que o tempo foi tão cruel assim, nos afastando dessa maneira.
Infelizmente eu sou acariciado com uma memória espetacular, guardo aqui lembranças nossas, desde o tempo em que eu me segurava em sua mão para atravessar uma rua, recordações que mais parecem ter sido ontem, sensações que adormeceram de uma noite pra cá.

Não vá para tão longe, fique comigo, segure a mão de meu filho quando ele precisar, testemunhe também nele as mudanças do tempo, assim como em mim você viu... e que agora não estou testemunhando em você.
Conte histórias de minha infância a todos, me faça feliz ao saber que hoje seu neto apronta as mesmas travessuras que um dia eu fiz.

A distância pode estar me confundindo, quero acreditar nisso. A maneira como ela nos distanciou pode ser a semente para bons frutos num espaço de tempo bem próximo.
Já estou aguardando esse momento.

sábado, 18 de outubro de 2008

Disritmia*

Eu quero me esconder debaixo dessa sua saia pra fugir do mundo, pretendo também me embrenhar no emaranhado desses seus cabelos, preciso transfundir seu sangue pro meu coração que é tão vagabundo, me deixe te trazer um dengo pra num cafuné fazer os meus apelos.
Eu quero ser exorcizado pela água benta desse olhar infindo.
Que bom ser fotografado, mas pelas retinas desses olhos lindos, me deixe hipnotizado pra acabar de vez com essa disritmia...

Vem logo vem curar seu nego que chegou de porre lá da boemia.




Obra prima de Martinho da Vila, música de 1974, está aqui porque é sem dúvida uma Pérola.
Além de me levar de volta aos meus tempos de criança, quando ficava entre mergulhos na piscina e a mesa dos ‘tira-gosto’, essa música também me fascina pela melodia e a letra que é qualquer coisa.

Para ouvir, clique aqui.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O medo que excita

O grande número de pessoas na festa, somado ao efeito do álcool e a fumaça que exalava do lugar, fez com que os dois saíssem da casa sem ser percebidos, ficaram na parte de trás, em volta da grama e de alguns outros que jogavam conversa fora, o lugar era amplo, porém mal iluminado, cercado por um muro que dividia aquele quintal com os demais, o som repetido das batidas eletrônicas e as risadas da turma que se espremiam no interior do imóvel chegavam ali com bastante força, deixando até a duvida de qual parte da casa realmente seria mais bem vindo para aglomerar a maioria das pessoas.
Eles ficaram perto de uma árvore, o tronco robusto servia como escudo para eles, ela estava de costas para a porta de saída da casa e encostada a árvore, ele de frente a ela, dividia seu olhar entre os olhos dela e a tudo que acontecia ao redor. Eles estavam ali escondidos de alguns.
- A gente aqui é um grande erro, você sabe disso – ela disse com receio e com os olhos cheios de excitação.
- É um risco bom que quero correr, e quer saber, eu não estou nem aí – falou ele, sem um pingo de medo, e principalmente remorso por estar ali com aquela garota e perto de tantas pessoas que conheciam sua namorada.

Eles trocaram palavras por alguns momentos, o assunto sempre rodando entre o perigo de estar ali e a vontade de ficarem sempre daquela mesma maneira, com os corpos se roçando um no outro. Os beijos interrompiam vez por outra as vozes sussurradas e os olhares aflitos que vasculhavam todo o campo verde em que eles estavam. O clima estava quente, apesar da lua fria sobre a cabeça deles. Depois de um tempo, ele resolveu investir mais e ver até onde ela iria ceder. Fixou sua cintura a dela, sua mão acariciava a cintura que estava coberta por um vestido preto, a outra alisava a face dela, enquanto os seus olhos já deixavam claro que a partir dali, as palavras eróticas iriam perder lugar para o ato em si.
A mão que acariciava o rosto dela despencou suavemente, o olhar dele fixo nos seios quase amostra no decote convidativo do vestido preto, praticamente disse a ela que seria ali o repouso de sua mão, ficou passando a parte de cima dos dedos pelo colo que pulsava fortemente, os dois corpos já não estavam imóveis, se mexiam uniformemente, num vai e vem ritmado. O toque com o busto dela logo deixou de ser apenas com os dedos, a mão dele se emprenhou vestido adentro, e antes que ele, possuído pela luxuria, apertasse os seios, foi contido pelo braço dela e uma voz rouca e pausada, sem uma gota de saliva na garganta que disse: “Não... aqui não”. Com essas palavras ela abriu a brecha que ele esperava. “Então onde?” ele perguntou cheio de malícia. “Não sei, mas aqui não”, ela respondeu.
Era a resposta que ele queria ouvir, mas antes dos dois saíssem dali, teriam que enfrentar uma verdadeira pista com vários obstáculos.
- Vá na frente e me espere na esquina do sinal, em poucos minutos eu chego lá – ele disse a ela
- Certo, mas não demore – ela aceitou o plano.

Ele ficou olhando ela desaparecer entre a multidão que se espremiam em bebidas, dança e fumaça dentro da casa, enquanto ajeitava a roupa e penteava o cabelo com as pontas dos dedos. Ficou parado por um momento e depois seguiu o mesmo caminho que o dela, mas antes de deixar o chão coberto de grama e entrar na casa, foi surpreendido por uma batida de palmas de alguém que vinha em sua direção, ele ficou estupefato quando viu a melhor amiga de sua namorada ao seu lado, um sorriso irônico na face dela já dizia claramente a ele que ela havia presenciado tudo.
- Que bonito hein? Fala pra todo mundo que não vai sair de casa hoje, e do nada aparece aqui se beijando com aquelazinha – a amiga da namorada jogou a bomba na cara dele, ainda com as mãos a se bater em palmas.

Não havia o que falar, não havia resposta para ele, ficou branco e começou a suplicar, “Por favor, o que você viu não foi nada demais, não conte nada pra ninguém”, o desespero era tão grande que faltava apenas às mãos dele juntas em forma de oração para o pedido ser mais completo.
- Vou falar sim, falo com um enorme prazer – ela falava ferozmente com o dedo em riste – falo com a sensação de quem enfim vai se vingar de quem sempre quis chamar a atenção e sempre foi desprezada.
- Como é? Desprezada? – ele disse espantado
- Desprezada por você! – ela gritava e chamava a atenção de todos em volta – eu sempre quis ficar com você, e você nem me olhou, seu estúpido! E agora vou fazer você sofrer também.
- Espera, espera, vamos conversar – o seu lado sacana já avistava uma boa saída pra ele – vamos sentar ali.
Ele a puxou pelo braço, saindo do meio daquela roda que já havia se formado em volta deles.
A levou para perto da árvore e depois de poucos minutos, já estava a beijando da mesma forma que havia beijado a outra poucos minutos atrás. Quase nada havia mudado, o medo de ser visto ainda estava presente, mas dessa vez a sua mão e dedos conseguiram ir bem mais fundo.


E a pobre garota de vestido preto esperou por um tempo, depois voltou ao mesmo lugar, avistou de longe o casal que se espremia junto à árvore, e prometeu a ela mesma que na manhã seguinte iria falar tudo para a namorada dele.

9 Canções (Filme)

O nome do filme logo nos faz imaginar um longa musical.
A primeira imagem – a imensidão branca e gelada da Antártida – somada a lembranças amorosas do personagem nos faz visualizar um drama.
As cenas eróticas desde o inicio nos faz visualizar um filme pornô.
A maneira “dia-a-dia” como o filme é desenrolado com falas normais – e fáceis – e imagens idem, traz a idéia de filme de arte.
A agitação de um show de rock, com imagens rápidas a la MTV, nos traz a pergunta: “Qual é a desse filme?”


Misturando tudo acima, 9 canções acaba não sendo enquadrado em nenhuma das opções – ou em todas.
Em uma cena, podemos ter tudo isso. O casal está deitado na cama, ela (Lisa) começa a ler partes sensuais de um livro que está em suas mãos, ele entra no jogo e logo depois a amarra – nua – na cama, venda os olhos dela e a faz visualizar uma seqüência da história enquanto ele a beija o corpo. E uma discreta canção é tocada ao fundo.

Outras cenas merecem destaque, como quando ela começa a dançar para ele e o mostra as diferentes maneiras de dançar de Americanos, Brasileiros e Ingleses ou quando eles viajam no carro e ela implica com os óculos dele.


Sim, mas esse filme está aqui por causa da boa trilha sonora, dentre as ‘9 canções’ temos Franz Ferdinand, Primal Scream, Elbow e muito mais em apresentações ao vivo. Vale a pena ver...e ouvir.

Trailer



Escrito originalmente no Diversidade Musical

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sensações

Feche os olhos, sinta o vento e o abraço quente do sol por todo o seu corpo.
Feche os olhos e escute o que as ondas lhe dizem quando se quebram nas pedras. Diga-me o que você sente, me mostre o que você ver e aponte o pássaro que pesca pequenos peixes perto de nós.

Inclua-me nessa sensação agradável que você desfruta nesse instante e assim sendo, permita nos continuarmos dessa maneira por um bom tempo... Leves... Felizes, apesar de não haver sorrisos em nossos rostos.


Feche os olhos, seja uma boa pessoa, seja o sopro frio em cada um de nós quando o calor estiver insuportável, seja a voz dos sons mais lindos vindos do fundo do mar, seja forte ao ponto de mover montanhas. Insira em nós as imagens mais lindas, como a de pássaros que percorrem dois céus de distância para alimentar a cria faminta.


Seja você, essa pessoa que sempre me abraça e me beija, assim serei sempre o mais feliz.

sábado, 4 de outubro de 2008

Língua portuguesa e suas armadilhas

O diálogo a seguir aconteceu entre dois marmanjos em um escritório...

- Vamos tomar umas hoje assistindo o jogo da seleção?
- Na hora, e para deixar a partida mais emocionante, que tal uma apostazinha? Sou Brasil e dou um gol
- Aí você quer demais.
- Ora porra, te dou um gol e tu anda quer mais?
- Claro
- Ta bom, um empate também.
- Neco treco.
- Que ba ba ba o que!
- Pois bem, vamos fazer o contrário, eu sou Brasil e te dou um gol, aceita?
- Não! Eu te dou um gol!


A conversa seguiu nesse ping pong por um tempo, enquanto isso, na mesa ao lado duas mulheres se questionavam;
- Tu sabe o que é esse ‘Dou-um-gol’ que os meninos tanto falam?
- Ah, sei lá, tu fez curso de inglês não sabe, imagina eu.



E essa armadilha não é privilégio dos adultos, outro dia vasculhando músicas antigas, fiquei ouvindo o hit pop Please don’t go, e antes da metade da música, meu filho de 1 ano e 2 meses olha pra mim, levanta os braços pra cima e diz: Goooooooool!


Dedicado a Tayza e Marcia

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E pelo jeito, a maneira de se falar algumas palavras já está virando brincadeira

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