terça-feira, 14 de outubro de 2008

O medo que excita

O grande número de pessoas na festa, somado ao efeito do álcool e a fumaça que exalava do lugar, fez com que os dois saíssem da casa sem ser percebidos, ficaram na parte de trás, em volta da grama e de alguns outros que jogavam conversa fora, o lugar era amplo, porém mal iluminado, cercado por um muro que dividia aquele quintal com os demais, o som repetido das batidas eletrônicas e as risadas da turma que se espremiam no interior do imóvel chegavam ali com bastante força, deixando até a duvida de qual parte da casa realmente seria mais bem vindo para aglomerar a maioria das pessoas.
Eles ficaram perto de uma árvore, o tronco robusto servia como escudo para eles, ela estava de costas para a porta de saída da casa e encostada a árvore, ele de frente a ela, dividia seu olhar entre os olhos dela e a tudo que acontecia ao redor. Eles estavam ali escondidos de alguns.
- A gente aqui é um grande erro, você sabe disso – ela disse com receio e com os olhos cheios de excitação.
- É um risco bom que quero correr, e quer saber, eu não estou nem aí – falou ele, sem um pingo de medo, e principalmente remorso por estar ali com aquela garota e perto de tantas pessoas que conheciam sua namorada.

Eles trocaram palavras por alguns momentos, o assunto sempre rodando entre o perigo de estar ali e a vontade de ficarem sempre daquela mesma maneira, com os corpos se roçando um no outro. Os beijos interrompiam vez por outra as vozes sussurradas e os olhares aflitos que vasculhavam todo o campo verde em que eles estavam. O clima estava quente, apesar da lua fria sobre a cabeça deles. Depois de um tempo, ele resolveu investir mais e ver até onde ela iria ceder. Fixou sua cintura a dela, sua mão acariciava a cintura que estava coberta por um vestido preto, a outra alisava a face dela, enquanto os seus olhos já deixavam claro que a partir dali, as palavras eróticas iriam perder lugar para o ato em si.
A mão que acariciava o rosto dela despencou suavemente, o olhar dele fixo nos seios quase amostra no decote convidativo do vestido preto, praticamente disse a ela que seria ali o repouso de sua mão, ficou passando a parte de cima dos dedos pelo colo que pulsava fortemente, os dois corpos já não estavam imóveis, se mexiam uniformemente, num vai e vem ritmado. O toque com o busto dela logo deixou de ser apenas com os dedos, a mão dele se emprenhou vestido adentro, e antes que ele, possuído pela luxuria, apertasse os seios, foi contido pelo braço dela e uma voz rouca e pausada, sem uma gota de saliva na garganta que disse: “Não... aqui não”. Com essas palavras ela abriu a brecha que ele esperava. “Então onde?” ele perguntou cheio de malícia. “Não sei, mas aqui não”, ela respondeu.
Era a resposta que ele queria ouvir, mas antes dos dois saíssem dali, teriam que enfrentar uma verdadeira pista com vários obstáculos.
- Vá na frente e me espere na esquina do sinal, em poucos minutos eu chego lá – ele disse a ela
- Certo, mas não demore – ela aceitou o plano.

Ele ficou olhando ela desaparecer entre a multidão que se espremiam em bebidas, dança e fumaça dentro da casa, enquanto ajeitava a roupa e penteava o cabelo com as pontas dos dedos. Ficou parado por um momento e depois seguiu o mesmo caminho que o dela, mas antes de deixar o chão coberto de grama e entrar na casa, foi surpreendido por uma batida de palmas de alguém que vinha em sua direção, ele ficou estupefato quando viu a melhor amiga de sua namorada ao seu lado, um sorriso irônico na face dela já dizia claramente a ele que ela havia presenciado tudo.
- Que bonito hein? Fala pra todo mundo que não vai sair de casa hoje, e do nada aparece aqui se beijando com aquelazinha – a amiga da namorada jogou a bomba na cara dele, ainda com as mãos a se bater em palmas.

Não havia o que falar, não havia resposta para ele, ficou branco e começou a suplicar, “Por favor, o que você viu não foi nada demais, não conte nada pra ninguém”, o desespero era tão grande que faltava apenas às mãos dele juntas em forma de oração para o pedido ser mais completo.
- Vou falar sim, falo com um enorme prazer – ela falava ferozmente com o dedo em riste – falo com a sensação de quem enfim vai se vingar de quem sempre quis chamar a atenção e sempre foi desprezada.
- Como é? Desprezada? – ele disse espantado
- Desprezada por você! – ela gritava e chamava a atenção de todos em volta – eu sempre quis ficar com você, e você nem me olhou, seu estúpido! E agora vou fazer você sofrer também.
- Espera, espera, vamos conversar – o seu lado sacana já avistava uma boa saída pra ele – vamos sentar ali.
Ele a puxou pelo braço, saindo do meio daquela roda que já havia se formado em volta deles.
A levou para perto da árvore e depois de poucos minutos, já estava a beijando da mesma forma que havia beijado a outra poucos minutos atrás. Quase nada havia mudado, o medo de ser visto ainda estava presente, mas dessa vez a sua mão e dedos conseguiram ir bem mais fundo.


E a pobre garota de vestido preto esperou por um tempo, depois voltou ao mesmo lugar, avistou de longe o casal que se espremia junto à árvore, e prometeu a ela mesma que na manhã seguinte iria falar tudo para a namorada dele.

Um comentário:

  1. Eh, ele pegou duas em uma noite, na manhã seguinte perdeu a namorada e ficou 1 mês sem nenhuma das 3.

    Desistiu de qualquer uma delas e arranjou outra trouxa, que iria sofrer o mesmo que a 1ª.


    É sempre assim.

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